segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

2011 em 20 (+5) discos, por Laurentino



Depois de um ano praticamente inativo, com uma breve passagem no Wordpress, o ‘Sobre Café e Cigarros’ retorna de onde basicamente parou: nas listas de melhores do ano. Se 2011 foi atribulado a ponto de que eu não desse a merecida atenção pro blog, o mesmo não me impediu de escutar pouco mais de 250 discos lançados neste ano (considerando aqueles que escutei mais de duas vezes), entre internacionais e nacionais. Número que, acredito eu, não corresponda nem a mínima parte das produções que saíram ao longo ano, e não falo apenas os de origem anglo-americana, mas de outras partes do mundo, o que revela displicência da minha parte que não me aventurei em outros terrenos (pretendo reparar no próximo ano), embora dos pouquíssimos que escutei não me entusiasmaram.

Assim, seria pretensão se eu intitulasse a lista como “os melhores de 2011”, sem acrescentar o “entre  os que escutei” e muito negligente se eu a separasse entre nacionais e internacionais, visto que a produção brasileira continua mantendo o elevado padrão dos últimos anos, sem dever em nada com os que são lançados lá fora.

Na lista abaixo, você encontrará os melhores discos que me confortaram ao longo do ano, alguns eu conheço desde o final do ano passado (James Blake, Destroyer), outros só fui reconhecer a sua qualidade recentemente (Shabazz Palace, Nicolas Jarr), após de insistentes audições, mas todos conseguiram, aos seus modos, demonstrar que 2011 foi um bom ano para música, em relação ao antecessor. Acompanhado dos 20 (por achar um número representativo dos mais de 250 que escutei) discos selecionados seguem cincos menções honrosas, textos em que tento descrever as impressões que eles me passaram, uma música que mais o representam e link para download. 

Enfim, eis aí o que 2011 foi, um pouco, para mim. 

  • 5 menções honrosas  (em ordem alfabética)


Uma ópera punk, gritada e enfurecida, sobre uma trágica história de amor com ares de absurdo. Um roteiro perfeito para uma cineasta que abraça o grotesco, como o espanhol Alex De La Iglesia.



'Queens of hearts' 


Noah Lennox expande os caminhos criados no seu elogiado disco anterior, Person Pitch, e cria uma obra que, mesmo sem a mesma liberdade e fluidez de outrora, leva as suas experimentações sonoras a um caminho confortável (ao seu modo), mas ainda imprevisível.


'Afterburner'




Depois de um esquizofrênico disco de estréia, Pélico retorna com uma coleção de canções românticas que namora o brega setentista (Odair José é a principal referência que se sobressai) e absorve do cancioneiro popular o passional das relações amorosas. 

'Não eramos tão assim'




Sonoramente falando, pode não ser um dos discos mais imponente da cantora, mas o mesmo não se pode dizer quanto aos seus versos: narrando os horrores de uma Inglaterra em guerra, PJ Harvey toma pra si a missão de documentar, de forma pessoal, toda a barbárie que encontra e cria uma obra de conteúdo forte e contundente.

'The Words That Maketh Murder'




A inspiração que levou a criação desta obra (experiência?), que extrai de vinis antigos uma fonte que ajuda a lembrar de imagens do passado, foi uma cena de ‘O Iluminado’ (1980). Mas tal como o monólito de outro filme de Stanley Kubrick, ‘2001: Uma Odisséia no Espaço’ (1967), é um objeto insólito que causa espanto e admiração.

'Camaraderie at Arms Length'


Os 20 melhores discos de 2011, entre os que eu escutei (em ordem de preferência)


Um disco que, a princípio, me frustrou. Excesso de introspecção, domínio de elementos orgânicos e, contrariando as minhas expectativas, um disco nada arriscado. Mas, após várias audições, comecei a descobrir o que acontecia aqui: ao ignorar a força criativa da banda e o seu constante processo de amadurecimento, não tinha percebido que, mesmo adotando uma sonoridade mais serena e comportada que nos discos anteriores, estavam aqui às mesmas nuances e dramaticidade que sempre me comoveram.

'End come too soon'




Eis aqui um disco multifacetado. Mas tal qual o seminal ‘Rotomusic de Liquidificapum’, do Pato Fu, que o trabalho do Graveola guarda mais similaridades do que as encontradas na capa e no título, é um trabalho em que as inúmeras facetas são devidamente moldadas e, mais ainda, coesas com a profusão de elementos agregados. Da cadência do samba ao suingue latino, passando por um desprendido rock ao resgate do espírito tropicalista, ‘Eu Preciso de um Liquidificador’ guarda detalhes que não percebemos de imediato, mas servirá para que, em audições futuras, nos surpreendam agradavelmente.

'Blues via satélite'


18 | Bon Iver | Bon Iver

Percebemos logo na primeira música que Justin Vernon saiu da cabana onde gravou o seu belo trabalho de estréia, ‘For Emma, Forever Ago’. Abandonou o intimismo confessional que exterioriza aquilo que o consumia para dar vazão a sentimentos que brotavam no seu retorno ao lar, e acrescentou ao violão, que o acompanhou em seu refúgio, elementos instrumentais harmonicamente polidos, que construíram uma sonoridade etérea, cristalina, que correspondeu com as sensibilidades presentes nas letras. É um disco a flor da pele, que arrepia e emociona, sem deixar de ser real.

'Minnesota, WI'


17 | Wilco | The whole love

‘Art of Almost’ abre o disco de forma impactante: de inicio sujo e quase experimental, a música que cresce sobre o comando de um vocal acompanhado por arranjo de cordas e culmina em um solo de guitarra exasperante. Eis aqui a abertura de mais uma obra atemporal de Jeff Tweedy e companhia, pensei (pensamos). Mas não foi bem assim, embora se encontre aqui mais um disco de uma banda deveras eficiente, com canções que nos enche os olhos, não é uma obra que provoca catarse e como no albúm anterior, revisiona a própria discografia. Mas percebemos, com o passar do tempo, que nem precise ser, pois, como Wilco se mantém impecável a cada lançamento, não devemos fazer cobranças, basta lembrarmos que ‘Wilco will love you, baby’ e esperar, com ânsia, o que a banda ainda irá nos reservar.

‘Art of Almost’


16 | Vanguart | Boa parte de mim vai embora

Com todas as músicas cantadas em português (com exceção de ‘Mi vida eres tu’, que apresenta trechos em espanhol) e com uma linha temática que unem as músicas, sem nunca soarem repetitiva, Vanguart finalmente alcança uma unidade, ao contrário do registro anterior que continha boas canções agrupadas de forma desordenada. Amadurecendo sem alterar a sua identidade, a banda ressurge aqui, após um hiato de cinco anos, com um punhado de canções amarguradas que, refletindo as dores de um sofrido amor, são permeadas por um lirismo confessional e plausível, tão próximos de nós a ponto de relembrarmos e, dolorosamente talvez, reavaliarmos antigas paixões.

'Se tiver que ser na bala, vai'


15 | Tyler, The Creator | Goblin

O diário de um adolescente em fúria, que expõe sem pudor, em letras escatológicas e hediondas, o seu asco em relação às coisas que o rodeiam. Aqui não há uma coerência, o autor escreve de forma compulsória, urgente, deixando expostas as arestas que revelam os seus piores defeitos. E se os seus escritos nos assustam e enojam, também sentimos atraídos com o que é contado, e acompanhamos com a mesma passividade que assistimos a uma de fita de horror. E eis a sua principal força: a oportunidade de nós acompanharmos algo que consegue nos tirar do torpor que impede de vermos um mundo imperfeito. Mas antes de ficarmos hipnotizados com o discurso, temos que nos lembrar do que Tyler avisa logo nos primeiros capítulos: 'Não faça nada do que eu digo nesta música, ok? É tudo ficção'.

'A Creature I Don't Know' é um retrato de singer/songwriter que, aos 21 anos, demonstra possuir uma alma trovadoresca vivaz, narrando crônicas de uma garota aparentemente frágil, mas hábil a encarar criaturas desconhecidas que atravessam o seu caminho. Com um vigor herdado de Neil Young e em senso poético e melódico de uma Joni Mitchell, Laura Marling encontra-se, em seu terceiro disco, suficiente segura e confiante para explorar a sua destreza vocal que, aliada a uma competente banda, cria ambientações climáticas distintas para cada música, entregando para os seus ouvinte uma experiência narrativa sensorial.
'Rest In the Bed'
   

13 | Wado | Samba 808

Wado leva o conceito de ‘do itself’ ao extremo, pois, não encontrando em selos/gravadoras uma melhor de forma de divulgar e distribuir o seu trabalho resolve lançar digitalmente, de forma gratuita o seu material, tendo em vista que o desapego ao cd físico do cantor. Porém, independente das discussões sobre arte x indústria que a sua atitude pode gerar, encontramos em Samba 808 um artista mais maduro, e confiante no material que ornou. Como em seus discos anteriores, Wado volta a misturar samba, funk e elementos eletrônicos com a sua sonoridade de identidade própria, mas aqui, aliado a parcerias que contribuem positivamente com a diversidade das músicas, surge mais coeso dentro da sua difusão, envolvente sem se histriônico e prestes a ganhar uma maior atenção que há tempos é merecida.

'Si próprio'


12 | WU LYF | Go Tell Fire to the Mountain

Em meios aos grunhidos exasperados e de difícil (ou nenhuma) compreensão do vocalista e orientados por arranjos calculadamente melódicos, embora incidam para um caos controlado, encontramos aqui, a princípio, um grupo de jovens inconformados com a ordem em que vivem e cobram urgências para que as coisas mudem. Mas analisando a fundo todo o discurso, começamos a notar que tudo soa ingenuamente juvenil, que exposto no Facebook ou capsulado em 140 caracteres nos deixariam ruborizados de vergonha alheia. Porém, o afinco e o suor com que defendem aquilo que o incomodam, real ou não, nos comovem e nos fazem lembrar de que, um dia, éramos como eles, e que hoje crescemos e passamos a viver comodamente com o status quo.

'Dirt'


11 | Rômulo Fróes | Um labirinto em cada pé

Se no disco duplo anterior, ‘No Chão sem o Chão’, Rômulo Fróes pecou no excesso de músicas que soavam por vezes cansativas e distanciavam de uma unidade concisa, aqui, em ‘Um labirinto em cada pé’, o cantor nos apresenta um disco enxuto e livre, como se o disco anterior fosse o material bruto e ao ser lapidado se fez este. Remetendo novamente aos transambas e transrock de Caetano Veloso, Romulo Fróes não se prende a um único formato de construção melódica, e agregando elementos que sempre cultivou, dos compositores malditos dos anos 70 ao samba clássico, passando pelo tropicalismo, criou aqui um disco essencialmente urbano, com letras que descrevem, com certo nonsense, o cotidiano e uma harmonia produzida por afiados instrumentos, compõem uma obra que revela um artista experiente, que se encontra constante formação.

'Muro'


10 | Shabazz Palace | Black up

Climático, claustrofóbico e inebriante são alguns adjetivos que podem expressar as sensações causadas em quem consegue transpor a barreira do estranhamento inicial produzida por ‘Black Up’. De uma massa sonora que aglutina batidas tribais, dubstep inglês, jazz e doses abusivas de psicodelia, que fazem cama para rimas esvoaçantes, Shabazz Palace inova o hip hop com um disco improvável, que deturpa o monocronismo do gênero e nos entrega um trabalho afoito e sensorialmente desafiador.

'Endeavors For Never (The Last Time We Spoke You Said You Were Not Here. I Saw You Though)'


9 | Destroyer | Kaputt

É o mais simples dos discos de Dan Bejar, quando ele atende por Destroyer, e também o mais completo. Diluído em um softrock que, por vezes, esbarra na pieguice do gênero, mas ainda sim com uma classe de quem mantém a elegância em momentos constrangedores, ‘Kapput’ caminha por uma atmosfera melancólica, que nos absorve para dentro das memórias de alguém relembra nostalgicamente um passado vivido em excesso e que hoje se encontra em uma triste decadência, mas que em nenhum momento perde a pose. E quem tudo nos conta vai sabiamente esculpindo as palavras, omitindo o que acha desnecessário e expondo sofridos dramas prontos para nos sensibilizar.

Tomado por uma irreverência que lhe é peculiar e com um humor despretensioso e debochado, Kassin criou uma obra em que onírico e nonsense constroem uma narrativa convidativa para adentrarmos nos devaneios do músico. Funcionando mais do que emanações de um crossover entre artistas que ousaram experimentar novas sonoridades nos anos 70, ‘Sonhador devagar’ é o reflexo de um artista que sabe dominar e fundir, como um experiente artesão, todos os abrangentes gêneros que lhe caem em mãos e, em conseqüência, criar pequenas gemas acessíveis a partir do incomum, talhando harmoniosamente um caminho que resgata o ato de explorar a rica diversidade musical brasileira.
'Fora de área'


7 | Lykke Li | Wounded Rhymes

Temos aqui uma garota que nos seduz com as diferentes personas que apresenta. Ora doce e delicada, mas sempre incisiva, ora irritadiça e de temperamento arredio, Lykke Li se expõe intimamente ao longo disco, narrado as duras experiências das relações conturbadas que tivera e tirando proveito para seguir mais madura e preparada o que a vida lhe reserva, ao invés de remoer situações que estacionaram no passado e mostrar-se integra diante do cônjuge que a perdeu. E mais, como uma heroína despida de qualquer artifício, que se posiciona na frente do campo de batalha e em meio às batidas tribais, ela desfia os seus adversários e os subjuga não permitido assim que alguém machuque os seus preciosos sentimentos.
'Get some'


6 | Nicolas Jarr | Space Is Only Noise

‘Space Is Only Noise’ é um disco em fragmentos que revela os experimentos musicais de um jovem de 21 anos, possuidor de um pleno domínio em criar ambientes climáticos em excesso ao caminhar por uma sonoridade entre o dubstep e o jazz, diluídos em doses de minimalismo. Sempre intensas e ligeiramente claustrofóbicas, as faixas apresentam uma concisão orgânica que causa imersão e fluidez, oriundas de distintas colagens sonoras e samplers, levando a criar momentos de grande introspecção e que propicia uma experiência singular para quem as escutam.
'I got a woman'




5 | Quarto Negro | Desconocidos

As músicas do Quarto Negro são como pequenas peças cinematográficas dotadas de uma mise-en-scène particular que, contando com uma produção primorosa, remetem as de um cineasta que observa de forma microscópia as relações humanas. E tal como o filme ‘Amantes’ (2008), que sempre recordo quando escuto os versos de ‘Desconocidos’, apresenta uma condução serena para revelar os pormenores, e detalhes não menos importantes, das ligações afetivas que criamos com as pessoas que aparecem de sobressalto em nossas vidas e nos marcam. E a sinceridade com que tudo é exibido nos permite avaliar o que é verdadeiro em nossas relações e perceber que de onde menos se espera pode surgir experiências que nos suscita o desejo de viver mais intensamente.

'Vesânia II (delírio mútuo)'


4 | The Weeknd | House of balloons

Verificamos ao longo do ano uma enorme profusão de mixtapes produzidas por artistas, sempre oriundos do Hip Hop/ R&B, que compilavam uma dezena de composições que não mantinham entre si a unidade que o álbum obriga possuir. O canadense Abel Tesfaye foi um deles, mas não se contentou com apenas uma e dentro de um período de nove meses entregou três mixtapes que, ao contrário das demais, possuem uma uniformidade maior do que a definição de mixtape poderia sugerir. E das três obras, é em ‘House of Balloons’ que se encontra toda a verve do produtor. Primeira ser lançada, de forma gratuita no site do artista e permeada por uma aura de mistério, consta aqui um trabalho que prima na produção que faz tudo convergir para o clima soturno e sensual que as músicas apresentam. Revisitando o R&B dos anos 90 com muita propriedade e dotado de grandiloqüência calculada, temos aqui, e nas outras duas mixtapes, que soam como variações em menor grau desta, a nítida sensação de que The Weeknd irá nos absorver aos poucos para o seu universo enigmático e cinzento.

'The morning'


3 | Girls | Father, Son, Holy Ghost

Se em ‘Goblin’, petardo de Tyler the Creator, tínhamos o diário de um adolescente em fúria e em ‘Go Tell Fire to the Mountain’, a enfurecida estréia de WU LYF, uma carta - manifesto de uma juventude que quer mudar o mundo, iremos encontrar aqui o caderno de anotações de um jovem ‘in love’. Escondidas por trás de uma sonoridade grandiloqüente, cuja imponência demonstra uma tendência das músicas soarem como hinos, encontram-se canções cujas letras se revelam simples e maleáveis, deturpando a imagem matura produzida pela sua postura sonora. Letras essas que são como frases rabiscadas por um impulso de alguém que foi dominado pelo amor, sentimento que nos torna vulneráveis e nos impede de agirmos racionalmente, ainda mais se tratando aqui de um jovem cujas emoções não cabem em si. E é aí que encontramos a sua beleza: em meios as frases de efeitos que ruboriza e constrange percebemos o quanto sincero e inocente o sentimento é, e antes de cobrarmos uma densidade poética e sensações mais profundas temos que perceber que são apenas canções de amor, de uma pureza e desprendimento que, como tal, não precisa de esmero para nos impressionar

'Vomit'


2 | Fleet Foxes | Helplessness Blues

Depois de uma estréia que fizeram os mais céticos acreditar que ainda poderia extrair pureza de uma sonoridade que fora esquecido pelo tempo, o Fleet Foxes ressurge aqui com um disco ainda mais atemporal. Ornado como uma tapeçaria musical que prioriza as construções melódicas produzidos pelos arranjos instrumentais, ‘Helplessness Blues’ é uma peça rústica que transporta dos idílicos anos 60/ 70 uma ambientação bucólica com letras que ressaltam as dúvidas de um homem que, em tenra idade, olha para um futuro ainda incerto, mas disposto a aprender o tortuoso caminho que irá percorrer. E os vocais reverberantes, violões dedilhados, bateria marcada, riffs de violinos e harmonias que denotam uma suscetibilidade em saber compor momentos grandiosos sem soar forçado, evidenciam uma banda em pleno apreço com as suas referências, mas em serviço da contemporaneidade. Porém, é um disco um tanto démodé para os nossos tempos, alguém dirá. E quem se importa? Música atemporal sempre causará arrepios em qualquer geração que estiver disposta a descobri-la.

'Bedouin Dress'



1 | James Blake | James Blake

Foi ainda no final de 2010 que o álbum homônimo do jovem inglês chegou sem sobressaltos aos meus ouvidos como uma peça tácita que intriga ao mesmo tempo em que impressiona. À medida que eu passava a compreender melhor o disco, ao longo do ano, mais percebia o quanto eram fortes e acolhedores os versos que, permeados de vácuos prestes a serem preenchidos com as nossas sensibilidades, evidenciavam um artista em carne viva, disposto a se expor intimamente conosco. E em meios aos silêncios plácidos, intimismo melancólico, quebras melódicas e emoções contidas em frases econômicas que ressoam em looping, as músicas de James Blake o revelam como um soulman dos anos 70 que encontrou no dubstep inglês a melhor forma de entrar contato com os novos tempos, criando uma identidade sonora própria e compondo uma obra que vai criando vários espectros para a sua arte. É o testemunho de nascimento de um grande artista que, logo em seu primeiro desafio, fez este que é, para mim, o melhor disco de 2011.

'Wilhelm scream'