“Foi imobilizada sobre uma cama, com o pé engessado em consequência de uma queda da escada, que a britânica Kate Nash compôs seu disco de estreia, Made of Bricks. A jovem musa americana do jazz Melody Gardot também deve seu primeiro CD a um período de recuperação, ao recorrer à musicoterapia após de ter sido atropelada enquanto andava de bicicleta. É de se pensar que uma temporada prolongada de convalescença, obrigando a um mergulho interior um tanto solitário, tem efeito positivo sobre a sonoridade de jovens cantoras.
A história da paulista Tiê comprova a hipótese. Apenas depois de passar por uma cirurgia para extrair um tumor benigno do pulmão, com a imunidade fragilizada, a moça se pôs a compor e gestou o álbum independente Sweet Jardim, com o qual garantiu lugar privilegiado entre as vozes estreantes no crescente cenário das cantoras de música popular brasileira.” (Gazeta do Povo)
O álbum Sweet Jardim conta com dez faixas, das quais seis ela assina sozinha e as outras quatro em parcerias diversas. A primeira faixa “Assinado eu” canta algo como uma carta de despedida, um pedido de desculpa: “E te peço, me perdoa / Me desculpa que não fui sua namorada, pois fiquei atordoada / Faltou o ar, faltou o ar…”. Em “Dois” ela se lança e responde: “Tem espaço de sobra no meu coração / Eu vou levar sua bagagem e o que mais estiver à mão.” Na canção “Passarinho” ela canta sobre o próprio nome, Tiê, nome de passarinho. Caetano definiu essa música como “uma janela para o céu”. Encantado não só com a beleza da moça, o cantor, no blog dele “Obra em Progresso”, rasgou elogios ao trabalho dela. “Ela é apaixonante e canta sobre o próprio nome com naturalidade total, musicalidade totalmente natural, tudo, fazendo as ruas de São Paulo parecerem bonitas como nas palavras de John Cage: ‘São Paulo é cheia de flores’”, escreve. E aí a cantora se arrisca em outras línguas em “Aula de francês”, em que mescla português e francês, e “Stranger but mine”, em que ela faz o mesmo com inglês. Pra fechar o CD, canta “Sweet Jardim”, música-título linda, linda, com a participação de ninguém mais que Toquinho, num folk feliz que me lembra Beirut.
Aonde ela quer chegar? Ela não fala… ela canta: “Ah, e como é bom voar…”
Tiê já trabalhou como modelo no Japão, pela agência Ford Models, cursou Relações Públicas, estudou canto em Nova York, foi produtora de vídeos e dona de um brechó e um bistrô em São Paulo.
tiê foi uma das melhores descobertas graças a este blog, grato sou.
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